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Vida reconstruída

Vítima de violência, ela ficou desfigurada e recuperou o sorriso graças ao trabalho de voluntários

Bárbara Forte De Ecoa Luciana Dal Ri e Paola Vianna/Arte UOL

Foram socos, pontapés, xingamentos (um sonoro "Vai, traveco!") e, então, uma escuridão. Daniella de Castro (foto), 34, acordou só no dia seguinte ao ataque que sofreu de um desconhecido enquanto andava pela rua em Manaus (AM), sua cidade natal. Mesmo sem olhar no espelho, percebeu que seu rosto já não era o mesmo. "Eu estava desfigurada e sentia muita dor. Os golpes arrancaram meus dentes e quebraram meu maxilar", conta.

O crime ocorreu em 2015. As feridas cicatrizaram em algumas semanas, mas a violência deixou sequelas mais duradouras em seu rosto e em sua autoestima. Por causa da aparência, Daniella não conseguia arrumar emprego. Chegou a viver na rua, sentia vergonha de falar, de sorrir. "Eu colocava a mão na boca", diz.

Meses depois, em junho daquele ano, mudou-se para São Paulo em uma tentativa de sair do ciclo de vulnerabilidade. Queria estudar, encontrar trabalho e formar um novo círculo social. Foi na capital paulista que conheceu o projeto Apolônias do Bem, uma ação da ONG Turma do Bem. O programa seleciona mulheres vítimas de violência que tiveram a dentição afetada para receberem atendimento odontológico integral e gratuito.

Voltei a sorrir, me senti estimulada a continuar estudando e consegui um emprego melhor."

Mais de quatro anos depois do ataque, o tratamento de Daniella ainda não chegou completamente ao fim. Ainda assim, os efeitos já são transformadores: hoje ela mora sozinha em uma casa de dois cômodos em Pirituba, na zona norte, e também conseguiu emprego. Desde setembro de 2018 trabalha em Unidade Básica de Saúde como auxiliar istrativa.

Leo Martins/Arte UOL Leo Martins/Arte UOL

Rede internacional

Daniella é uma das 1.100 mulheres que já foram atendidas pelo Apolônias do Bem desde o início do projeto, em 2012. O nome vem de uma personagem histórica, Apolônia, que viveu em Alexandria e morreu em 249, após ser presa, espancada e ter seus dentes quebrados e arrancados.

Além desse, a ONG fundada pelo dentista Fabio Bibancos tem outros programas que oferecem tratamento gratuito a pessoas, sobretudo crianças, em situação de vulnerabilidade. Ao todo, são mais de 17 mil dentistas participantes da rede no Brasil e 226 cidades de 12 países da América Latina (Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, México, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana, Uruguai e Venezuela). Desde 1995, quando a ONG foi criada, 80 mil crianças já foram atendidas.

O trabalho de Bibancos é um dos grandes exemplos de uma das formas mais comuns e antigas de trabalho de impacto socioambiental: o voluntariado. Realizar esse tipo de atividade significa disponibilizar tempo, conhecimento e afeto por meio de ações não remuneradas. Trata-se de uma troca que contribui para a construção de uma sociedade mais harmônica e menos desigual, em que as experiências são compartilhadas.

Tanto é que a ONU (Organização das Nações Unidas) acredita que o trabalho voluntário é um dos principais caminhos para que o mundo alcance os ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável), as 17 metas que devem ser cumpridas até 2030 globalmente para que, como humanidade, evoluamos para um mundo melhor.

No Brasil, estima-se que 7,2 milhões de pessoas com mais de 14 anos tenham realizado uma atividade do tipo em 2018, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). As formas de engajamento são variadas e nem sempre demandam muito tempo. Há atitudes simples, como envolver a comunidade em que você vive, compartilhar uma ação na qual você acredite com seus amigos ou desenvolver trabalhos remotos para auxiliar instituições.

iStock/Arte UOL

Se organizar direitinho...

Para que o voluntariado seja efetivo, porém, não basta oferecer (ou aceitar) mão de obra sem custo. É preciso seguir uma série de boas práticas. Caso contrário, o trabalho corre o risco de se desvirtuar e não atingir o objetivo principal: causar impacto positivo na vida de quem precisa.

"Em mais de duas décadas de Turma do Bem, muita coisa deu errado", diz Bibancos. Aconteceu de tudo. Desde dentistas que pediam para atender apenas meninas ou aqueles que se incomodavam com o estado da roupa dos pacientes. "Uns questionavam a propriedade do atendimento já que as crianças estavam muito bem vestidas. Outros reclamavam porque a roupa era velha, suja."

Para reduzir ao mínimo problemas como esses, o dentista precisou formar uma equipe de colaboradores contratados formalmente para coordenar a rede de voluntários, estabelecer processos, criar e monitorar metas. Hoje, 20 pessoas trabalham na Turma do Bem. Entre elas, há assistentes sociais, psicólogos, dentistas, gestores de projetos.

"Há quem acredite que a responsabilidade por trabalhos que não dão certo é do corpo de voluntários, que nem sempre se dedica quanto e como deveria", diz Daniel Morais, sócio-fundador da Atados, uma rede que presta consultoria a empresas e conecta pessoas disponíveis a instituições que demandam determinado tipo de mão de obra. "A organização que faz uso desta mão de obra também precisa se comprometer."

Os projetos que funcionam são aqueles em que tanto a instituição quanto quem oferece mão de obra sabem seu papel. De acordo com Katya Delfino, relações institucionais da ONG Arrastão, fundada em 1968, os voluntários oxigenam a organização. "Eles trazem conteúdos novos, contemporâneos, atualizam a equipe e os educandos. A gente entende que manter esta engrenagem é fundamental porque ela é fonte de recurso de conteúdo, de pessoas que conhecem e se engajam na causa, que estão interessadas em colocar a mão na massa."

Como é nas empresas

Não são apenas ONGs e outras associações que perceberam o valor do voluntariado. Muitas empresas já viram nesse tipo de trabalho uma forma de atuar com responsabilidade social, mitigando ou amenizando os impactos que causam ao meio. "Os gestores começaram a entender que precisam trabalhar a relação com as comunidades do entorno. Afinal, não existe empresa rica em comunidade pobre", diz José Alfredo Nahas, superintendente da ONG Parceiros Voluntários, que, há 22 anos, capacita voluntários e organizações.

Além disso, já há um entendimento de que o voluntariado traz ganhos para a própria empresa e seus funcionários. Trata-se de um meio de o funcionário desenvolver competências. Uma pesquisa realizada pela consultoria Santo Caos, a pedido da divisão de investimentos do Bank of America, mostrou que esse tipo de programa tem efeito positivo no aumento da produtividade no dia a dia da corporação (veja quadro abaixo).

"O melhor é quando você integra tudo em um programa — os talentos e a rede da empresa, e dos parceiros", diz José Alfredo Nahas, superintendente da ONG Parceiros Voluntários.

Leo Martins/Arte UOL Leo Martins/Arte UOL

Os dois lados

As irmãs gêmeas Glaucia e Glaucilene Barbosa da Silva, 22, conhecem bem o potencial do voluntariado. Foi graças à experiência que tiveram na ONG Arrastão que ambas descobriram seus talentos. O projeto foi criado em 1968 no Campo Limpo, na zona sul paulistana, por um grupo de mães da classe média que ensinava artesanato e outras habilidades a outras mulheres. A ideia era que as aprendizes encontrassem novas fontes de renda.

Com o tempo, o programa ou a atender também os filhos das alunas, oferecendo oficinas de temas variados. Glaucia e Glauciene cursaram moda, empreendedorismo, jornalismo, entre outros. Mas foi no curso de design de móveis ministrado pelos também irmãos Campana que as garotas se encontraram. Depois da experiência, decidiram fazer faculdade de Artes Visuais.

Formadas no segundo semestre do ano ado, elas agora aram para o outro lado do balcão. Além de atuarem como artistas educadoras e darem oficinas em ateliês itinerantes em unidades do Sesc em São Paulo, são voluntárias no Projeto Arrastão em oficinas de artesanato. "Quando somos voluntárias, também aprendemos muito. Sinto orgulho de estar ali. Ver o sorriso dos alunos me proporciona momentos de alegria e felicidade", diz Glaucia.

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