O impacto do coronavírus na rotina e nos negócios dos blogueiros de viagem

Com rendas que dependem diretamente de viagens, os influenciadores digitais de turismo estão enfrentando cenários obscuros em tempos de quarentena e buscando novas abordagens de conteúdo para seus seguidores.
Se uma mudança radical no meio de uma viagem pode ser um pesadelo para qualquer turista de férias, o cenário é ainda mais dramático para quem ganha a vida justamente por estar na estrada. Ao lado de uma grande parcela de profissionais da área de turismo no mundo todo, os influenciadores de viagem já começam a sentir na pele os efeitos devastadores da pandemia do coronavírus.
Refugiado no Camboja
Em agosto do ano ado, o paulistano Caio Ramon, de 25 anos - o viajante por trás do perfil @caiotravels, que acumula 260 mil seguidores no Instagram -, comprou agens para o Sudeste Asiático e começou a preparar minuciosamente a viagem para o início deste mês. Desenhou a lista de países que pretendia visitar durante 70 dias (Tailândia, Laos, Vietnã, Camboja, Malásia, Singapura, Filipinas, Indonésia e Mianmar) e costurou parcerias e patrocínios para a produção de conteúdo.
Forçado a criar um plano de emergência, Caio decidiu mudar o itinerário, dar uma pausa na viagem e se refugiar em uma ilha remota do Camboja por pelo menos duas semanas, até a poeira baixar. Depois? Não sabe.
Não me sinto à vontade viajando e postando como se nada estivesse acontecendo quando a recomendação é ficar em casa. Não posso dizer nada que incentive viagens neste momento"
Resultado: os contratos com grandes marcas estão sendo revistos e os conteúdos estão sendo adiados por tempo indeterminado pela primeira vez na sua carreira de viajante profissional, que teve início justamente em um mochilão pela Ásia que durou sete meses, em 2017. "Estou muito confuso, mas uma coisa é certa: se fosse hoje eu não teria começado a viagem."
Contratos adiados e nova abordagem
O pior: junto com a viagem, foram adiados imediatamente três contratos: com uma agência de intercâmbio, com um banco e com uma grife de esportes de aventura. "As marcas se posicionaram no sentido de que não querem produzir nada agora, o que é supercerto e coerente", diz ela. "Não faz sentido ficar postando parceria de viagem agora porque não teria o engajamento e o alcance necessários. Além disso, seria algo ível de críticas e de julgamento, inclusive, por estar sendo irresponsável comigo e com o próximo."
Enquanto planeja uma nova abordagem para os conteúdos que produz, Anna Laura assiste a audiência de seu site, sempre na casa das 600 mil visualizações por mês, baixar drasticamente: a redução de os nas últimas duas semanas foi de 63%, e ela acredita que bata nos 70%. "Minha orientação imediata é parar de produzir conteúdo relacionado diretamente a viagens", diz ela.
Estou tentando trazer jeitos de viajar estando em casa na quarentena, com dicas de livros através dos quais viajamos no enredo, de séries, de maneiras de se manter saudável quando voltar a viajar".
Viagens canceladas e prejuízo no bolso
Entre os planos que viu virar fumaça estavam uma viagem ao México este mês e à Europa em abril, quando visitaria Irlanda, Itália e Suíça. A ida para a Austrália e o Japão, na época das Olimpíadas, ainda não foi cancelada, mas já corre riscos. "Ainda é muito cedo para estimar números, mas com certeza haverá prejuízos", prevê Vitor, acostumado a cobrar entre 5 e 9 mil reais por um único post no feed do Instagram (onde soma 212 mil seguidores no perfil @vitorliberato) e entre 9 e 12 mil reais por inserção em seus vídeos no Youtube.
Do mundo para a quarentena
Califórnia, Nevada e Menorca de repente deram lugar a diários da quarentena da família. "Estamos realmente parados, não existe a menor possibilidade de viajar. Aliás, nem de ir na esquina", diz ela. "Vamos amargar um superprejuízo. O impacto já está sendo gigantesco."
Gabriela se refere aos números que vê desaparecer dia após dia diante dos olhos em relação ao marketing de afiliados (política através da qual a plataforma é comissionada pelas vendas que derivam de suas recomendações), sua principal fonte de renda. Apenas na área de reservas de hotéis, a média era de 60 por semana. "Caiu para zero desde a semana ada e já vieram sete cancelamentos anteriores", contabiliza.
Além disso, quatro viagens foram imediatamente canceladas: para Santa Catarina, em março; para Minas Gerais, em abril; para diferentes destinos na Europa, em junho; e para a Sardenha, na Itália, em julho. Em virtude disso, o programa de viagens que a família produz para o canal WooHoo teve a próxima temporada adiada e a decisão de reprisar o conteúdo que está atualmente no ar.
É hora de parar, de olhar para dentro, de reunir forças. Vem aí uma crise financeira planetária. Vai ser o antes e o depois do coronavírus."
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, , ler e comentar.
Só s do UOL podem comentar
Ainda não é ? Assine já.
Se você já é do UOL, faça seu .
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.