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A monogamia vai acabar?

Enquanto mais casais experimentam diferentes formatos de relação, especialistas opinam sobre o futuro do amor

Ana Bardella De Universa

Até que a morte nos separe?

O espanhol Manuel Lucas Matheu, presidente da Sociedade Espanhola de Intervenção em Sexologia, nega que a monogamia tenha se estabelecido como a forma predominante das relações por ser um instinto natural dos seres humanos. "Ela só está presente em 3% dos mamíferos", diz. O sexólogo também cita o atlas etnográfico de Murdoch que, nos anos 60, analisou 238 diferentes sociedades do mundo e constatou que apenas 16% delas eram monogâmicas.

Por que então adotamos o modelo? Segundo o pesquisador, o motivo principal está na economia. "Estudos sociais e biológicos confirmam que a predominância da monogamia na sociedade está associada à escassez de recursos", afirma. Tal como as cegonhas, que não têm tempo de variar os parceiros porque gastam muita energia em seus deslocamentos, decidimos nos juntar em pares porque este seria o modelo de vida menos custoso para a sobrevivência da nossa espécie.

Regina Navarro Lins, psicanalista e escritora, tem uma interpretação semelhante da história. "5 mil anos atrás, não havia a ideia de casal. As pessoas viviam em comunidade e homens e mulheres transavam entre si. O cenário mudou com a percepção de que o homem também participa na procriação. Com isso, surgiu a propriedade privada: 'meu rebanho', 'minha terra'. Assim, a mulher foi aprisionada e teve seus desejos reprimidos. Os homens não queriam correr o risco de deixar suas heranças para os filhos de outros", explica.

Expansão do conceito

Antonio Cerdeira Pilão é antropólogo e pesquisa sobre o poliamor desde 2011. Ele relembra que os primeiros debates públicos sobre o tema surgiram no Brasil, em 2006, sob influência da publicação de uma nova edição do livro 'Cama na Varanda', de Regina Navarro Lins, também entrevistada pela reportagem, e que a primeira união poliafetiva reconhecida em um cartório ocorreu em 2012, em Tupã (SP). Nesse período, ao seu ver, o debate ainda era superficial.

"O poliamor era tratado por poucos grupos na internet, a maioria deles de pessoas com posições políticas de esquerda e com curso superior, engajadas em uma luta contra a moral cristã e a repressão da sexualidade. Eram conversas restritas a algumas bolhas, que ganharam características de movimento político, associando-se a pautas feministas e LGBT. As pessoas poliamoristas tendiam a romantizar o poliamor, como se estivessem descobrindo um mundo novo, fantástico, que resolveria os problemas práticos do grande mal que reconheciam na monogamia", afirma.

Agora, vivemos o que o pesquisador chama de "segunda onda poliamorista". Mais gente tem se interessado pelo conceito, o conhecimento sobre o tema se disseminou e por isso a diversidade aumentou. Pessoas de diferentes classes sociais e posicionamentos ideológicos estão testando esse tipo de relação.

Foi assim com a empresária Sanny Rodrigues, de 27 anos, de Brasília (DF): ela conheceu o marido, Diego, pelo Orkut e pediu emancipação para se casar aos 16 anos. Eles viveram uma relação tradicional por quatro anos, até irem juntos a uma festa e confessarem, um para o outro, que sentiram atração pela mesma menina. O diálogo abriu portas para que Sanny expusesse a bissexualidade e criou uma brecha para que ambos ficassem com outras mulheres, sempre juntos. Anos depois, foram pela primeira vez a uma casa de swing.

Percebendo, no entanto, que somente o sexo a três não atendia ao modelo de relacionamento que procuravam, iniciaram a busca por um terceiro elemento. "A partir daí, tudo aconteceu de forma intensa. Conversamos com algumas pessoas pelo Tinder, e nosso segundo encontro com uma pessoa de lá já foi com a Karina. A conexão foi imediata", conta.

Em menos de três meses, ela ou a morar com os dois, que já tinham um filho. Hoje o trisal mantém uma página no Instagram voltada para falar sobre sua rotina e matar a curiosidade daqueles que buscam entender mais sobre o poliamor. Detalhe importante, o relacionamento deles é fechado. "Muita gente pensa que não temos ciúmes, mas isso não é verdade. Fizemos terapia no início da relação para trabalhar as inseguranças que surgiam na convivência entre nós. Além disso, temos um relacionamento fechado, por isso não nos envolvemos com ninguém de fora. Trair, na nossa concepção, é ferir os acordos existentes", diz Sanny.

Ciúmes e insatisfação

Outro ponto polêmico dos novos relacionamentos é a insegurança. Agatha Larissa tem 20 anos e trabalha como modelo. Ela considera o ciúme um sentimento tóxico — e por isso investiu em um relacionamento aberto. "[O ciúme]É algo que faz você ter raiva, perder a fome, o sono, ver coisas onde não existe. Tento trabalhar minha mente para chegar ao nível zero dele", conta. Ela conheceu a noiva Mariana pelo Instagram e, no início, teve uma relação tradicional, mas as duas acabaram se separando.

"Nosso maior problema era o ciúme, algo que nenhuma de nós sabia como lidar. amos algumas semanas separadas e então sentamos, conversamos e percebemos que a única opção para continuarmos juntas seria abrir a relação. Hoje estamos felizes e não me vejo mais na monogamia", diz. Antes de chegarem a este nível de satisfação, no entanto, precisaram estabelecer combinados.

"Brinco que antes de achar nosso ritmo tivemos que dançar muito. Fomos experimentando e percebendo o que era legal e o que era melhor evitar. Atualmente, por exemplo, posso conhecer outra pessoa, conversar e ficar com ela, desde que conte para a minha parceira — e o mesmo vale para o outro lado", diz.

O limite que as duas estabeleceram é não ter encontros a sós e nem transar com outras. Construir vínculos afetivos com ficantes e se envolver com pessoas do ado também estão vetados da dinâmica. "Normalmente chamamos a pessoa pela qual estamos interessadas para alguma saída em que estejam presentes vários amigos e ficamos naquele ambiente", diz.

Não há garantia

Nem só de elogios vive o poliamor. Com a expansão do conceito, vieram também as críticas. Antes o modelo de relacionamento estava intrinsecamente ligado ao feminismo. Afinal, ao longo da história a diversidade de parceiros foi um privilégio masculino: era socialmente aceito que os homens traíssem suas esposas, mas se esse comportamento partisse de uma mulher, ela sofria diversos tipos de repressões.

Sendo assim, o poliamor ou a representar um tipo de libertação afetiva e sexual para as mulheres. No entanto, recentemente ele começou a ser criticado pelas próprias militantes do movimento feminista.

Maria Gabriela Saldanha é escritora e se dedica ao tema da libertação afetiva de mulheres. Em seu livro "Bom dia, Matriarcado", questiona a forma como os novos formatos de relacionamento vêm sendo apresentados nas relações heterossexuais. "Querem nos vender o argumento de que tudo o que está fora da monogamia é um arranjo melhor e menos machista, mas isso está errado", diz.

Na sua visão, existe o risco de a sociedade criar um novo padrão ao qual as mulheres precisam atender. "O que percebo é que muitas delas estão se esforçando para se adequar a um novo modelo, sem que se deem tempo para conhecer e respeitar seus próprios limites. Agora, precisam corresponder a uma caricatura, um estereótipo de gênero da mulher bem resolvida, segura sexualmente, não competitiva e empoderada", afirma.

Ela critica o fato de muitas jovens, que ainda não tiveram uma gama suficiente de experiências afetivas, estarem sendo pressionadas a se encaixar nestes novos formatos. Além disso, Maria Gabriela acredita que, independentemente do arranjo da relação, as mulheres continuam vulneráveis a diferentes tipos de violência, incluindo a psicológica.

"Apesar da diversidade de parceiros, os novos arranjos não são garantia de que haverá responsabilidade afetiva na relação. Para que esta responsabilidade fosse colocada em prática, seria necessário que os homens enxergassem as mulheres como seres humanos completos", diz. O que ainda impede isso? A exploração emocional de mulheres dentro dos laços afetivos, que é um fator estrutural, decorrente da socialização de gênero.

É a partir dela que a sociedade internaliza que uma relação amorosa bem-sucedida seja o ápice da vida feminina. "É em nome desse ideal que muitas se sujeitam e se sacrificam, a fim de criarem um suposto vínculo com o outro".

O futuro do amor é livre?

Pesquisadores da área afetiva opinam sobre o assunto:

Regina Navarro Lins, psicanalista

O amor é uma construção social. Em cada período da história ele se apresenta de uma forma. Hoje o amor romântico, incentivado pelos filmes de Hollywood, ainda predomina. Esse tipo de amor propõe que os dois vão se transformar num só, que cada um terá todas as suas necessidades satisfeitas pelo outro, que quem ama não se interessa por mais ninguém. A questão é que a sociedade contemporânea anseia por individualidade. Cada um quer desenvolver suas potencialidades. Por isso, o amor romântico está dando sinais de sair de cena, levando com ele a exigência da exclusividade. Acredito que daqui a algumas décadas menos gente vai se fechar numa relação a dois e a maioria vai optar por relações múltiplas

Antonio Pilão, doutor em antropologia

As pessoas tendem a simplificar o debate: ou a monogamia é a vilã ou é a mocinha. Acredito que nenhum modelo de relação é capaz de satisfazer plenamente os nossos anseios. Vivemos uma contradição: por um lado, desejamos prazer ilimitado. Por outro, queremos ser o objeto de escolha exclusiva de alguém. Algumas pessoas optam pela liberdade, outras pela segurança. Existem também as que traem ou que vivem períodos alternados de monogamia e solteirice. É importante dizer, no entanto, que o Brasil não é e nem nunca foi tão monogâmico como alguns acreditam. Pessoas e relações não-monogâmicas existem, mesmo que o Estado brasileiro continue a não reconhecê-las

Ana Canosa, psicóloga e sexóloga

Desenvolvemos um formato de relação influenciado pelo ideal de amor romântico: com posse, desigualdade de gênero, exclusividade e expectativa de felicidade depositada no par. A partir de transformações sociais, no entanto, muitas pessoas aram a testar novas formas de relação. Hoje é possível ter mais de um vínculo amoroso, fazer sexo com mais de uma pessoa e ainda assim manter uma relação 'principal'. No geral, não acho que a monogamia está acabada. Ela é uma maneira de vivenciar o amor de maneira funcional e cômoda. Muita gente tem fases muito monogâmicas e depois muda de ideia. A tendência é que as pessoas se abram cada vez mais para testes e que vivam experiências de ambos os formatos ao longo da vida

E os solteiros, ficam como?

Já que ninguém sabe o futuro do amor, é comum encontrar pessoas solteiras que se sentem perdidas entre as atuais possibilidades de relacionamento. Carol Tilkian é comunicadora, pesquisadora e está à frente do canal Soltos, que conversa diretamente com esse público. Ela concorda que não é fácil se relacionar nos tempos de hoje.

"A principal dificuldade é de que os solteiros não sabem identificar em qual relação estão. Muitas vezes ficam com alguém, mas não têm acordos pré-estabelecidos. Vivemos em uma era em que todos querem brincar do 'vamos ver quem se importa menos?', ninguém quer ser o primeiro a cobrar o outro. Por isso evitam dialogar sobre as expectativas de cada um, com medo de parecem apressados ou de como serão interpretados. Com isso, muita gente acaba se frustrando ou deixando alguém frustrado no final", resume.

No escuro, cada um usa a ferramenta que tem nas mãos para tentar prever o futuro da relação. "Há quem comece a stalkear o perfil da pessoa para ver por onde e com quem ela anda ou se está dando likes nas fotos de alguém por quem possa estar interessado", exemplifica.

Ao mesmo tempo, o próprio solteiro pode se sentir confuso com relação ao que ele quer. "Vivemos o que chamamos de solteirice inflamada. Com os apps de paquera e as redes sociais, temos mais relações e flertamos com mais gente", aponta. Por causa disso, estamos sempre com medo de perder um próximo envolvimento que possa ser mais interessante.

Já nos aproximamos de alguém mantendo as portas abertas. "Mas quando descobrimos que a pessoa faz o mesmo, ficamos loucos. O grande desafio da monogamia hoje é esse: todo mundo quer o privilégio para si, mas ninguém quer dar para o outro", afirma Carol.

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